domingo, 23 de janeiro de 2011

Era dela que tinha medo

A ausência de tua salvação é a causa do medo. Não de qualquer medo, oh Soberano, não de um medo qualquer, mas daquele que todos os homens depois de Adão tem, ainda que neguem, ainda que vaidosamente o disfarce, ainda que o repila, ainda que para ele dê o ópio dos prazeres, ainda que o enfrente como um guerreiro a seu monstro, sim, Grandioso, era dela que tinha medo, da morte.
Como sabia e tinha tal compreensão de seu efeito eterno não sei, mas sabia, e não só sabia, como temia, e como temia oh Maravilhoso, como temia! Cada dia vivia como se fosse o único, e ao deitar-me para dormir me recusava a entrar no sono do corpo temendo que outro sono me tomasse, o da morte, pois a temendo, temia o futuro incerto da minha alma.
Temia a morte porque se apresenta como o portal de entrada para a eternidade, de modo que temia uma coisa porque tinha mais medo ainda da outra.

Nenhum comentário:

Postar um comentário